Atualmente, com a divulgação dos conceitos psicológicos na
mídia escrita e eletrônica, estamos ficando mais familiarizados com
terminologias próprias a esta ciência, mas nem sempre as compreendendo de forma
produtiva para nossas vidas.
Assim acontece com os conceitos de ansiedade e angústia, tão
amplamente comentados e analisados.
Como ponto inicial, quero afirmar que podemos ter
entendimentos diversificados sobre este tema, principalmente quanto às suas
causas. Pretendo aqui fazer uma análise do ponto de vista mais psicanalítico,
ainda que superficialmente, tangenciando algumas outras observações.
É preciso também reafirmar a força da indústria farmacêutica
na supervalorização desses sintomas psicológicos, já que eles são fonte de uma
comercialização muito lucrativa de psicofármacos.
Bem... mas o que é ansiedade e angústia?
Podemos dizer que a angústia é sempre algo que se segue
enquanto a ansiedade é o que antecede, passíveis de se misturarem em alguns
momentos porque o que antecede também se segue como expectativa de alívio, e o
que segue vem marcado pelas experiências anteriores. Então, é pouco provável
que se sinta angústia sem a ansiedade de se livrar dela, quanto se sinta
ansiedade desvinculada de algum fato anterior onde a angústia esteve presente.
Eu gosto de definir angústia como uma emoção que sinaliza
algo errado em nós, na nossa vida física, psíquica, social, espiritual. É como
se ela viesse apontar que precisamos mudar, que algum padrão de comportamento
já se encontra desajustado em relação ao nível evolutivo em que nos
encontramos. E isto se formou porque não tivemos amadurecimento necessário para
lidar com alguma situação que acabou ficando mal resolvida.
Em especial, nesse momento de transição planetária, isso tem
sido muito comum. Muitos já vão avançando para uma compreensão mais larga da
vida e de si mesmos, mas ainda continuam presos aos convites de uma filosofia
socioeconômica altamente perniciosa. É o que tenho denominado pelo termo
“inadequação evolutiva”, quando a pessoa já poderia estar fazendo mais e melhor
por si mesma mas ainda permanece acomodada a hábitos enraizados.
Já a ansiedade é marcada por uma expectativa de gozo, que
nem sempre identificamos, e que pode ser um prazer que gostaríamos de usufruir
o mais rápido possível ou mesmo a satisfação de se livrar de uma dor que nos
incomoda. Neste último, em especial, a ansiedade vem acompanhada da angústia.
A ideologia vigente incentiva a busca pelo gozo total e
absoluto – estratégia de alta eficácia no estímulo ao consumo – levando ao
surgimento de uma ansiedade que nunca cessa, já que esta satisfação plena não
existe. É como se estivéssemos buscando sempre algo que nem mesmo sabemos o que
seja, como se um vazio interminável sugasse nosso foco de existir e de almejar
outras realizações. Mas este vazio já existe em nós de forma inalienável, a
falta que se origina de nossa ruptura com o Poder Criador por conta do próprio
surgimento da individualidade em nós que traz esta sensação de fragmentação com
o todo. O chamado trauma primordial. Então, ao invés de elaborarmos este vazio,
aceitamos os convites do sistema que visam tamponar de forma paliativa a
sensação de dor, mas potencializando-a ainda mais.
Claro que, como a angústia é necessária para sinalizar o que
precisa ser resolvido, a ansiedade, em um certo nível, também é indispensável
como mecanismo de preparar o ser humano para as adversidades. Freud defendeu
que um certo nível de ansiedade impediria o surgimento de reações traumáticas
às frustrações. Segundo ele, um trauma se estabelece por conta da falta de
preparo psíquico para se enfrentar uma frustração. Pois a ansiedade tem esse
papel, gerando uma apreensão que predispõe a uma maior segurança do aparelho
psíquico. Algo bem parecido com o que o medo faz. Na verdade, o medo seria uma
reação fóbica da ansiedade.
O fato é que, diante do exposto até aqui, sentir angústia e
ansiedade não seria o problema, já que ambas possuem funções mantenedoras do
aparelho psíquico. O problema é não saber lidar com elas, é não utilizá-las em
benefício do desenvolvimento pessoal. O que nos tem sido proposto é que devemos
eliminá-las quimicamente, sem que se faça uma leitura dos seus recados
silenciosos. Não quero dizer com isso que os medicamentos sejam desnecessários.
Muitas vezes o são, mas nem sempre, e mesmo quando utilizados não devem nos
fazer esquecer do que se esconde por detrás dessas emoções.
O imediatismo da vida contemporânea nos faz querer estar
sempre bem para gozar e o sistema nos quer bem para produzir, sem que sejam
medidas as consequências desse pragmatismo.
A falta de compreensão da complexidade da vida, dos seus
aspectos transcendentes, do porquê estarmos aqui e dos comprometimentos que
vamos acumulando para um futuro que se desdobra inexoravelmente, pode fazer de
nós embarcações perdidas na noite tempestuosa, sem rumo seguro para o porto de
chegada. A depressão surge, hoje, como a segunda causa de incapacitação no
mundo, e será a primeira até 2020. No Brasil, a estatística dos transtornos
depressivos cresceu mais de 700% nos últimos dez anos.
E nós, ingenuamente, continuamos a acreditar que podemos
resolver nossos problemas com um simples comprimido. “Cegos conduzindo cegos
para o fundo do poço...”
Por João Carvalho
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