Consumo. Você acorda, levanta da
cama, liga a TV e tudo o que você vê é consumo. Você coloca o pé
na rua e tudo o que ouve é consumo, consumo, consumo.
Você já ouviu falar de
minimalismo? Como estilo de vida, minimalismo nada
mais é do que o princípio de reduzir ao mínimo o emprego de
elementos ou recursos no nosso cotidiano. É reduzir o consumo
excessivo.
Não falo em deixar de consumir
porque, na verdade, é praticamente impossível viver uma vida sem
consumo. O consumo faz parte da nossa realidade. Isso não significa
que não possamos consumir de maneira mais consciente.
Há algum tempo comecei a notar a
quantidade de coisas que eu tinha, o quanto eram descartáveis
e o quanto me via infeliz.
Conhecer mais sobre isso e me atendo
ao fato de vivermos em um sistema capitalista, onde tudo é feito
para nos sentirmos insatisfeitos e consumir mais e mais, ir na
contramão dessa ideia foi – e é – um ato de rebeldia, porém
muito saudável.
Eu sempre gostei muito de maquiagem.
Desde meu primeiro emprego, sempre “investi” algum dinheiro em
comprar produtos.
Quando veio o ~BOOOM~ de canais de
beleza no YouTube, com resenhas de produtos,
tutoriais de maquiagem e publieditoriais, meus olhos brilharam! Eu
PRECISAVA de todos os produtos legais que eu via. É
assim que era vendido.
E sim, muita novidade foi lançada e
essa se tornou uma mídia diferente, onde você se depara com pessoas
reais “vendendo” como uma amiga te fala daquele corretivo que ela
comprou na perfumaria do bairro. Mas qual é o limite
disso?
Algum tempo depois, eu parei para
observar minhas maquiagens e me deparei com SEIS bases
abertas. Eu posso justificar falando que uma tem uma
cobertura mais pesada e outra mais leve, uma é mais clara para
inverno e uma mais quente para o verão, uma com acabamento matte
e uma mais glow, mas a verdade é: é muito
para uma pessoa normal.
Foi aí que eu comecei a notar que
tinha alguma coisa errada. Eu sabia, sim, qual era minha necessidade.
Eu sabia os produtos que eu mais gostava e os que mais usava. Por
que continuar consumindo tanto?
Vida editada
Foi quando eu percebi que eu
precisava “editar” minha vida.
Assim como editamos um texto ou um
vídeo para sintetizar uma ideia de forma mais precisa, eu precisava
entender o que era essencial e que manteria. E
decidi aplicar isso a outros elementos da minha vida.
Não posso dizer que isso é uma
coisa abrupta, muito pelo contrário. Esse é um processo gradativo
(e que nunca acaba), mas que reflete em tantas outras coisas da vida
que só vivendo isso, vemos o quanto é benéfico.
Isso me levou a conhecer outras
coisas como sustentabilidade, slow fashion, movimento
“Compro de Quem Faz” e muitas coisas que abordarei em outros
posts.
Em resumo, passei a escolher melhor
como consumir roupas, alimentos e – pasmem – até o tipo de
pessoas a manter na minha vida, no meu círculo social.
Poucas coisas ao meu entorno hoje
são descartáveis. Eu passei a dar prioridade para coisas de melhor
qualidade, que me agradam e suprem minhas necessidades em menos
quantidade. Isso sem contar o quanto minhas coisas tendiam a ficar
bagunçadas e espalhadas, afinal, eram muitas coisas, e hoje
arrumá-las é muito mais fácil.
Minimizar para maximizar
Isso significa que deixei de
consumir? De maneira nenhuma. Eu passei a minimizar as coisas
e maximizar as experiências.
Investir meu dinheiro em coisas que
me tragam experiência de vida e satisfação pessoal e menos em
produtos. Ter menos para viver mais.
E desde que passei a viver uma vida
de consumo mais consciente, e exercitando o pensamento
coletivo e menos impulsivo, eu tive experiências tão legais e que
nunca sobrava grana para investir nelas antigamente.
Como todo esse processo foi muito
bom para mim, eu separei 15 dicas de como começar a adotar
um estilo de vida minimalista e que me ajudaram muito:
- Não tenha dó de se desfazer de coisas que não usa, mas se preocupe com o destino delas. Procure fazer algo positivo com isso. Transforme o apego em boas ações.
- Não guarde coisas que não sejam mais compatíveis com a pessoa que você é hoje por simples apego ao que elas te remetem. Lembranças ficam muito bem onde elas pertencem: na memória.
- Faça uma lista das coisas que você acha essencial antes de mexer nessas coisas. Fica melhor gravado e aumenta o foco.
- Procure não ser tão radical a princípio. Além do fato de que tudo o que é muito radical não é muito bacana, o processo de adaptação é gradativo e você não sabe como vai reagir a tudo isso. Lembre-se que lidar com apego é lidar com emoções.
- Faça essa “limpeza” sozinho. Por mais que as pessoas queiram ajudar, a gente acaba sendo influenciado por sentimentos que não são nossos e acabamos nos distraindo.
- Não mantenha coisas que comprou e nunca usou por pensar que “foi um dinheiro que gastou ali”. O dinheiro já foi gasto, não vai voltar ao seu bolso e, na maioria das vezes, o papel já foi cumprido: Te mostrar que você não precisa daquilo.
- Na hora de comprar, priorize coisas de maior qualidade. Um exemplo é uma camiseta de um tecido melhor e mais estruturado que pode custar o dobro de uma camiseta comum, mas também ter o dobro de durabilidade.
- Tenha metas não-materiais para destinar seu dinheiro. Viagens, experiências diferentes, lugares para conhecer. Faça lista das coisas que você sempre quis fazer e não fez até hoje.Troque coisas por sensações.
- Leia muito! Pesquise sobre o tema. Para quem precisa organizar a casa e a vida, é ótimo começar pelo livro “A Mágica da Arrumação”, da Marie Kondo, que é uma leitura super leve e boa para quem acaba de se interessar pelo assunto (mas pense em alternativas como emprestar de alguém ou baixar, isso já é uma forma de reduzir o consumo!).
- Pesquise de onde vêm as coisas que você compra. Sejam alimentos, sejam roupas, sejam cosméticos. Dê prioridade para comprar de pessoas que produzem, assim você pode evitar estar compactuando com trabalho escravo, testes em animais e, de quebra, empoderar mais pessoas e menos corporações.
- Tire um tempo sempre que possível para reavaliar a importância das coisas na sua vida. Seja com a mão na massa, seja refletindo. Reflexão é o melhor caminho para o equilíbrio mente + corpo + alma.
- Leve o minimalismo para fora da sua casa. Além de muito prazeroso morar em um ambiente clean, tranquilo e menos poluído, usar disso no seu ambiente de trabalho pode aumentar sua disposição e criatividade e evita distrações.
- Não acumule problemas e funções. É sempre bom definir as coisas que somos capazes de fazer sem tornar nosso dia-a-dia maçante ou viver com a sensação de estar sobrecarregado. É okay não conseguir cumprir todas as muitas funções que a gente acaba se comprometendo. Use disso para se organizar melhor no futuro e tornar a vida mais leve.
- Dê uma atenção para as coisas virtuais que acabou acumulando. Nem todos os filmes que você tem no seu HD você vai ver mais de uma vez. Nem todas as músicas que você baixou na adolescência merecem ocupar tanto espaço. E aquelas fotos com aquela pessoa que você namorou há tanto tempo? Precisa delas?
- E por último: Não tente convencer todas as pessoas que o seu estilo de vida é o ideal. A gente sempre vai ter aquela tia-avó acumuladora que acha que isso é maluquice, mas procure entender que ela é de uma outra época, onde as coisas eram mais difíceis de serem conquistadas e isso gera, sim, um apego. Cada um vive da maneira que sente melhor.
Ah, e nunca é tarde demais para
mudar e editar a sua vida, caso você que esteja lendo seja a
tia-avó! Hahaha.
Escrito por Nadya
Machado
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