terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Conheça o ativismo corporal e o que ele pode fazer pela sua saúde

Adeus à academia: Nuno Cobra Jr. fala sobre a nova filosofia de treinamento que individualiza os exercícios
Nuno Cobra Jr. fala sobre ativismo corporal
Sessões intensas de treinamento e dietas cada vez mais radicais e milagrosas: treinar, atualmente, se equivale a uma forma sofisticada de tortura, principalmente para quem está acima do peso. Quando vão para o clube, para a academia ou quando participam de grupos de corrida, essas pessoas não encontram uma atividade física que seja realmente pensada para eles - são eles que têm que se adaptar às formas de treinamento recomendadas. “Muitos acabam tentando seguir o que todos fazem, as recomendações das revistas ou as atividades da moda, à custa de um grande sofrimento e inadequação”, explica o professor ativista da prática e autor do livro O Músculo da Alma (R$ 49, Editora Voo), Nuno Cobra Jr. No Brasil, o número de pessoas que estão acima do peso equivale atualmente a 52.9% da população. Com a missão de mudar a cultura do treinamento, o professor inaugura uma nova corrente do pensamento: o ativismo corporal.  Leia a entrevista e saiba mais:
Por que o atual modelo de treinamento pode representar riscos para o corpo?

Esse modelo de treinamento se transformou em um formato comercial nas duas últimas décadas; foi ficando cada vez mais radical. No meu livro, fui pesquisar o relatório anual das associação que reúne academias do mundo inteiro (IHRSA), e a primeira reclamação que aparece dos usuários é a falta de resultados rápidos. Então, o que esse modelo de treinamento faz? Busca acelerar ainda mais os resultados vendendo métodos muito apelativos e que não é uma realidade possível de entregar. No modelo de treinamento extenuante, se você sofrer no treinamento quer dizer que esse treino está surtindo efeito, mas é exatamente o contrario: esta acima do que seu corpo pode compensar. Se você sente dor, mal estar ou fadiga, você foi além do seu limite e o resultado é muito mais lento. Treinamentos muito intensos também provocam um efeito depressor sistema no imunológico, por isso é muito comum a pessoa treinar e no dia seguinte e ficar resfriada.

Você mencionou que o treinamento predominante hoje não é inclusivo, não é sustentável e não é humanizado. Por quê?

É uma cultura predominante baseada no sofrimento: você tem que sofrer pra ter resultados e essa logica não é sustentável, não estimula o individuo a fazer exercício porque não é prazeroso. Quando você vive uma experiência agradável, você quer repeti-la, quando é desagradável, você evita - mesmo que de forma inconsciente. Não é inclusivo porque é um modelo arcaico que só serve pra uma elite do treinamento, aqueles que são super. Sarados e preparados, não serve pra mais de 90% da população que vai sofrer com o impacto das atividades. Não leva em conta o individuo em si, mas sim a busca pelos resultados, então deixa de ser humanizado. O treino exagerado pode gerar problema na coluna, hérnia de disco... Conversando com fisioterapeutas, descobri que tem crescido o numero de alunos com um corpo maravilhosos por fora e todo desgastado por dentro, com dores crônicas, um cenário muito triste.

Qual a maior falha dos atuais treinamentos feitos em academias? 

O treinamento em academia se transformou em uma área estética onde o foco é ganhar musculo e perder peso no menor tempo possível, o foco deixou de ser a saúde há muito tempo, e isso é perigoso. O treinamento do individuo tem que ser com muito cuidado, o método é ir aumentando a intensidade de forma gradativa pra pessoa não se machucar. O que a gente defende é que ele seja prazeroso, porque se você tem prazer na atividade física você já resolveu o maior problema: criar uma rotina. Se você encontra algo que é confortável e prazeroso pra você fazer no dia a dia, você vai fazer sempre e sem a pressão por resultados, mas sim por prazer, e é isso que a gente quer: que você tenha prazer na atividade física.

Como deveria ser feito esse treino para ser eficiente e benéfico para o corpo?

Teria que ter uma comunicação entre essas áreas, como fisioterapia, ortopedia, cardiologia pra ter uma visão mais integral para o treinamento, um modelo que colaborasse na adesão do aluno através do prazer e ajudasse a combater a obesidade. O corpo é um caminho potente de autoconhecimento e reconexão, ou seja, existe muita coisa além da estética. A gente pode pensar a cultura do corpo como a cultura do narcisismo, onde os indivíduos estão obcecados com ilusões de projeção física e esmagados pela proliferação de imagens midiáticas e pelo consumismo. E é isso que eu quero desconstruir, por que esse narcisismos não é positivo, causa uma insatisfação crônica com a autoimagem e vários distúrbios psíquicos.

O que é o ativismo corporal?

É a maneira como eu acabei me definindo, porque eu virei um ativista.  A minha missão de vida é conscientizar a população dos ricos desses treinos e mudar a cultura do treinamento, renovar e reinventar essa pratica. É uma luta muito complicada, como se eu tivesse nadando contra correnteza já que o modelo predominante de academia é esse, mas virei uma voz ativista em relação a consciência corporal, que basicamente é conhecer o seu corpo e pensar em uma atividade física personalizada para as capacidades dele e que traga prazer. É uma corrente ainda peque na e discreta, mas que está crescendo. 

Quais os benefícios, além do emagrecimento, que o ativismo corporal pode trazer pra parcela da população que está acima do peso?


Tem três benefícios bem interessantes: a atividade física mostra que o corpo é uma maneira genial de acalmar a mente, é o contraponto perfeito para o estresse. Quando feita de forma equilibrada, a pratica de exercícios é também muita eficaz no combate à ansiedade. O exercício de intensidade leve à moderada também provoca a neurogênese, que é a fabricação de novos neurônios. Perdemos neurônios constantemente, com estresse, bebida alcoólica, e a atividade física moderada ou leve e um forma bastante eficaz de fabricar neurônios. É essencial destacar que a atividade física é também uma forma de autoconhecimento; estimula a consciência corporal e é uma forma de conexão com você mesmo, de meditação em movimento.

O Músculo da Alma
Nuno Cobra Jr
Por Letícia Gerola

http://vidasimples.uol.com.br/noticias/horizontes/conheca-o-ativismo-corporal-e-o-que-ele-pode-fazer-pela-sua-saude.phtml#.WJDfNFUrLDd

Nenhum comentário:

Postar um comentário